Notas sobre a relacionalidade no encontro/diálogo etnográfico

Autores

  • Bruno Ferraz Bartel Doutor em Antropologia, professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí (PPGAnt/UFPI), Teresina

DOI:

https://doi.org/10.58203/Licuri.22492

Palavras-chave:

Sociologia

Resumo

Neste artigo, examino a contínua tensão entre os mundos concebidos e percebidos, frequentemente categorizados como “cultura” ou “sociedade”, embora suas características tenham sido previamente questionadas em termos de invenção ou obsolescência. Argumento que o desenvolvimento do encontro/diálogo etnográfico estabelece um contexto interacional específico que molda a produção de dados. Busco resgatar alguns eventos etnográficos durante minha pesquisa de campo no Marrocos, realizada de outubro de 2016 a setembro de 2017, destacando que o papel da imaginação transcende o mero sentido especulativo. Isso envolve não apenas a capacidade de conceber cenários hipotéticos, mas também a habilidade de criar, inovar e transcender os limites do conhecido. A concepção de relação emerge como o princípio orientador que impulsiona tanto as questões vinculadas aos seus objetos de pesquisa teoricamente concebidos quanto as transformações existenciais nas perspectivas do pesquisador desencadeadas pela aventura antropológica. Diante de um amplo leque de possibilidades infinitas, é especialmente adequado desenvolver algumas ideias com base na capacidade dessas uniões ou diferenças que surgem durante a realização do trabalho de campo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALEXANDER, Jeffrey. “A importância dos clássicos”. In: GIDDENS, Anthony & TURNER, Jonathan (eds.). Teoria social hoje. São Paulo: UNESP, 1999. p.23-90.

BARTH, Fredrik. An Anthropology of Knowledge. Current Anthropology, v.43, n.1, p.1-18, 2002.

BECKER, Howard. “A história de vida e o mosaico científico”. In: Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1993. p.101-115.

BENSA, Alban. “Da micro-história a uma antropologia crítica”. In: REVEL, Jacques (org.). Jogos de escalas. A experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998. p.39-76.

BARTEL, Bruno Ferraz. Marrocos místico: performance e ritual na confraria sufi Hamdouchiya. Teresina: EDUFPI, 2022.

BERREMAN, Gerald. “Por detrás de muitas máscaras”. In: GUIMARÃES, Alba Zaluar (org.). Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1980. p.123-176.

BOURDIEU, Pierre. “A ilusão biográfica”. In: FERREIRA, Marieta de Morais & AMADO, Janaina (orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998. p.183-191.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto & CARDOSO DE OLIVEIRA, Luíz Roberto. Ensaios Antropológicos sobre Moral e Ética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

CARSTEN, Janet. A matéria do parentesco. R@U: Revista de Antropologia da UFSCar, v.6, n.2, p.103-118, 2014.

CARSTEN, Janet. Substance and relationality: blood in contexts. Annual Review of Anthropology, v.40, p.19-35, 2011.

CASAGRANDE, Joseph. In the company of man: twenty portraits by anthropologists. New York: Harper & Brothers, 1960.

COHEN, Emma. Antropologia do conhecimento. Primeiros Estudos, n.3, p.143-158, 2012.

CRAPANZANO, Vincent. Tuhami: Portrait of a Moroccan. Chicago: University of Chicago Press, 1980.

DAMATTA, Roberto. “O ofício do etnólogo, ou como ter ‘anthropological blues’”. In: NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p.23-35.

DREYFUS, Hubert & RABINOW, Paul. “Power and Truth”. In: Michel Foucault: beyond structuralism and hermeneutics. University of Chicago Press: Chi¬cago, 1982. p.184-204.

DWYER, Kevin. Moroccan dialogues. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1982.

ENGLUND, Harri & LEACH, James. Ethnography and the Meta-Narratives of Modernity. Current Anthropology, v.41, n.2, p.225-248, 2000.

FADIL, Nadia & FERNANDO, Mayanthi. Rediscovering the “everyday” Muslim: Notes on an anthropological divide. Hau: Journal of Ethnographic Theory, Chicago, v.5, n.2, p.59–88, 2015.

FOOTE-WHYTE, William. A Sociedade de Esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

GEERTZ, Clifford. “Os Usos da Diversidade”. In: Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p.68-85

GEERTZ, Clifford. “Uma Descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura”. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989a. p.13-41.

GEERTZ, Clifford. “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galos Balinesa”. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989b. p.278-321.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1985.

INGOLD, Tim. Beyond biology and culture. The meaning of evolution in a relational world. Social Anthropology, v.12, n.2, p.209-221, 2004.

INGOLD, Tim. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. London: Routledge, 2002.

MARCUS, George & CUSHMAN, Dick. Ethnographies as Texts. Annual Review of Anthropology, v.11, p.25–69, 1982.

MINAYO, Maria Cecília de Souza & GUERRIERO, Iara Coelho Zito. Reflexividade como éthos da pesquisa qualitativa. Ciência & Saúde Coletiva, v.19, n.4, p.1103-1112, 2014.

PEIRANO, Mariza. Argonautas, cem anos depois. Horizonte antropológico, ano 27, n.61, p.379-403, 2021.

PEIRANO, Mariza. A favor da etnografia. Anuário Antropológico, v.17 n.1, p.197-223, 1993.

RABINOW, Paul. Reflections on Fieldwork in Morocco. Berkeley: University of California Press, 1977.

ROSEN, Lawrence. Bargaining for reality: the construction of social relations in a muslim community. Chicago: The University of Chicago Press, 1984.

SANGREN, Steven. Rhetoric and the Authority of Ethnography: ‘Postmodernism’ and the Social Reproduction of Texts. Current Anthropology, v.33, n.1, p.277–307, 1992.

STRATHERN, Marilyn. Revolvendo as raízes da antropologia: algumas reflexões sobre “relações”. Revista de Antropologia. v.59, n.1, p.224-257, 2016.

STRATHERN, Marilyn. “O conceito de sociedade está teoricamente obsoleto. In: O Efeito Etnográfico e Outros Ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p.231-240.

SHILS, Edward & FINCH, Henry. Max Weber on the Methodology of the Social Sciences. Glencoe: The Free Press, 1949.

TURNER, Victor. “Muchona, a vespa: Intérprete da Religião”. In: Floresta de símbolos: aspectos do ritual Ndembu. Niterói: EdUFF, 2005. p.179-202

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

WEBSTER, Steven. Dialogue and fiction in ethnography. Dialectical Anthropology, v.7, p.91–114, 1982.

Downloads

Publicado

08.03.2024

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.