Cultura, colonialidade e natureza sagrada presente no povo Xukuru: uma cosmovisão antropológica do Toré

Autores

  • Emanuelle Cristina da Silva Fernandes Pedagoga, especialista em Direito da Criança, Psicopedagogia e Educação Especial e Neuropedagogia Clínica e Institucional. Mestranda em Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO) Universidade Federal de Camína grande (UFCG), Sumé, Paraíba
  • Valdonilson Barbosa dos Santos Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor e mestre em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Membro efetivo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA)

DOI:

https://doi.org/10.58203/Licuri.83533

Palavras-chave:

Antropologia, Provos tradicionais, Meio ambiente

Resumo

O presente artigo propõe uma análise do pensamento de Mintz (2009) e de Wagner (2010) observando a construção da noção de cultura clássica e a presença do papel do eurocentrismo nesse processo. Posteriormente a cultura passa a ser analisada a partir de teóricos contemporâneos pós críticos sob formas de colonialidades, estereótipos, violências e epistemicídios que atingem os povos indígenas. E mostrará a construção cultural do povo Xucuru de Ororubá – PE a partir do ritual do Toré e seus significados simbólicos e relação com a natureza sagrada. Propõe como objetivo geral: analisar a construção da concepção de cultura perpassando os paradigmas clássicos e contemporâneos da antropologia, enfatizando o colonialismo e os rituais sagrados presentes no Toré do povo Xucuru e sua relação com a natureza sagrada enquanto forma de cultura e resistência. A metodologia abordada nesta pesquisa é qualitativa e pautada em uma pesquisa bibliográfica pós-crítica cujas epistemes são um convite ao mundo da cultura. Como resultado de análise, evidenciou-se nessa pesquisa que ainda é forte as manifestações eurocentradas de se pensar a cultura da etnia indígena e o quando é necessário que se debata a esse respeito, se pesquise e se combata ideias contaminadas por colonialidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABBUD, S. Cultura, culturas e ensino de línguas estrangeiras. Revista interfaces, Rio de Janeiro, ano 4, n. 5, p. 45-56, out. 1998.

ALENTEJANO, Paulo. Questão agrária no Brasil atual: uma abordagem a partir da Geografia. 2010. Disponível para acesso digital, consultado em 18 de novembro de 2016.

ALMEIDA, Bruno Rotta; GOMES, Thais Bonato; SALLET, Bruna Hoisler. Racismo Institucional e Povos Indígenas: das práticas assimiladas às estratégias de enfrentamento. Revista Direito.UnB | Maio-Agosto 2021, V. 05, N. 02 | ISSN 2357-8009 | pp. 153-182.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998, p.43.

BONIN, Iara Tatiana, Encarte Pedagógico VI Educação Escolar Indígena, Publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 2015.

BONNEMAISON, Joel. Viagem em Torno do Território. In: CORRÊA, Roberto Lobato & ROSENDAHL, Zeni. (Org.). Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2002.

CANDAU, Vera; RUSSO, Kelly. Interculturalidade e educação na América Latina: uma construção plural, original e complexa. Diálogo Educação, Curitiba, v. 10, n. 29, p. 151-169, jan./abr., 2010.

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI). Relatório: Violência contra os povos indígenas no Brasil. Dados 2018. Brasília: Cimi, 2019, p. 11.

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI). Relatório: Violência contra os povos indígenas no Brasil. Dados 2019. Brasília: Cimi, 2020, p. 6.

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI). Relatório: Violência contra os povos indígenas no Brasil. Dados 2019. Brasília: Cimi, 2020, p. 124.

CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: Edusc, 1999.

ESTORNIOLO, Milena. O problema da divisão entre Nós e Eles em Roy Wagner e Bruno Latour. Revista de Antropologia Social dos Alunos do PPGAS-UFSCar, v.4, n.1, jan.-jun., p.48-66, 2012.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Liv Sovik (org). Belo Horizonte, Brasília: Ufmg, Unesco, 2003.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade, 11ª Edição. São Paulo. 2006.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del Poder y Clasificación Social. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Orgs.). El Giro Decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

GROSFOGUEL, Ramón. La descolonización del conocimiento: diálogo crítico entre la visión descolonial de Frantz Fanon y la sociología descolonial de Boaventura de Sousa Santos. In: Formas-Otras: Saber, nombrar, narrar, hacer. Barcelona: CIDOB Edicions, 2011. p. 97-108.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser, contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GOMEZ, Santiago; GOSFROGUEL, Ramón (Comp). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre, 2007. P. 127-167.

MARTINS, G. A. & Pinto, R.L. Manual para elaboração de trabalhos acadêmicos, São Paulo: Atlas, 2001.

MINTZ, Sidney W. Cultura: uma visão antropológica. (1982).Tradução do ensaio “Culture: An Anthropological View publicado originalmente em The Yale Review, XVII (4), 1982, p. 499-512. Traduzido para português por James Emanuel de Albuquerque, recebida e aprovada para publicação em julho de 2009.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

NEVES, Rita de Cássia Maria. Identidade, rito e performance no Toré Xukuru. In: GRÜNEWALD, Rodrigo Azeredo. Toré: regime encantado do índio do Nordeste. Recife: FUNDAJ, Editora Massangana, 2005, p. 129-154.

KRAMSCH, C. The cultural discourse of foreign language textbooks. In: SINGERMAN, A. (Ed.). Toward a new integration of language and culture. Middlebury, VT: Northeast Conference on the Teaching of Foreign Languages, 1988. p. 63-88.

REIS, Diego dos Santos. Saberes encruzilhados: (de)colonialidade, racismo epistêmico e ensino de filosofia. Educar em Revista, Curitiba, v. 36, e75102, 2020.

SILVA, Jéssica Lucila Monteiro da. Os conteúdos de ensino referentes aos saberes campesinos presentes no currículo da formação de professores de um curso de licenciatura em educação do campo do sertão pernambucano: uma leitura através dos estudos pós-coloniais latino-americano. Dissertação – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, 2015.

OLIVEIRA, Kelly Emanuelly de. Os Terreiros e o Toré: o diálogo entre religião e política no fortalecimento do povo Xukuru do Ororubá (PE). Cadernos do LEME, Campina Grande, vol. 1, nº 1, p. 47 – 66. jan./jun. 2009.

WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. (1975). tradução Marcela Coelho de Souza e Alexandre Morales. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

WALSH, Catherine. Interculturalidad, Plurinacionalidad y Decolonialidad: Las Insurgencias Político-Epistémicas de Refundar el Estado. Revista Tábula Rasa, Bogotá, Colômbia: Universidad Colegio Mayor de Cundinamarca; Bogotá, Colômbia: Universidad Colegio Mayor de Cundinamarca, n. 9, p. 131-152, Jul./Dez. 2008.

VIEIRA, João Luiz da Silva. O Terreiro de Toré da Boa Vista como espaço sagrado do povo Xukuru do Ororubá, Pesqueira - PE/ João Luiz da Silva Vieira. - Recife: O autor, 2018. 73f. il. Color.

Downloads

Publicado

04.04.2023

Edição

Seção

Capítulos do Livro

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)