O patrimônio (i)material das colônias de imigrantes: cicatrizes do desaparecimento de uma história não contada

Resumo

O Estado do Paraná possui grande parte de sua trajetória existencial ligada à imigração. Em menos de 100 anos, entre os séculos XIX e XX, teriam migrado para o Estado cerca de 20 diferentes nacionalidades. A atual Região Metropolitana de Curitiba (RMC) correspondeu ao principal destino desse fluxo migratório no Paraná. Com o crescimento de Curitiba e das zonas urbanas dos municípios da RMC, alguns núcleos coloniais se transformariam em bairros ou acabariam por se extinguir em meio ao processo de urbanização, gerando efeitos até então pouco conhecidos. Baseando-se nestes aspectos, este texto, oriundo de uma pesquisa de pós-doutorado previamente publicada, buscou analisar essas alterações no âmbito de 44 colônias existentes em 10 dos 29 municípios que compõem a RMC, avaliando os principais fatores envolvidos na desconfiguração desses locais. Fazendo uso de uma metodologia analítico-histórica, exploratória e de natureza qualitativo-descritiva, cada colônia foi investigada, tendo como base um levantamento teórico e a utilização dos instrumentos de pesquisa: entrevista, fotografia, desenho, mapeamento e representação esquemática. Como resultado do estudo, observou-se que a influência dos fenômenos da urbanização sobre o meio rural, tendo como pano de fundo a imigração na RMC, correspondia a um dos principais fatores atuantes na desestruturação ou extinção das colônias nas quatro últimas décadas. Ao mesmo tempo, percebeu-se que, por detrás desse cenário desfavorável, seria possível levantar elementos que valorizassem características e expressões fundamentais à identificação das comunidades estudadas, favorecendo a sua preservação por intermédio de atividades menos invasivas, como o Turismo de Base Comunitária (TBC).