Política Linguística e Ensino de Línguas no Brasil e na Argentina

Autores

  • Kleverson Gonçalves Willima Licenciado em Letras - Português e Espanhol, Mestrando em Políticas Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF); pós-graduando em Letras com Ênfase em Linguística pela Faculdade Focus. bolsista do projeto de pesquisa que resultou neste estudo
  • Giulia Carvalho Candido Licenciada em Ciências Sociais, Mestra em Políticas Sociais. Servidora do IFFluminense campus Campos Centro https://orcid.org/0009-0007-3871-5801
  • ILeana Celeste Fernández Franzoso Licenciada em Letras - Português e Espanhol. Mestra em Cognição e Linguagem. Docente de língua espanhola do IFFluminense campus Quissamã https://orcid.org/0009-0007-8196-4985

DOI:

https://doi.org/10.58203/Licuri.22326

Palavras-chave:

Formação Humana Integral, Mercosul, Políticas Linguísticas Educacionais

Resumo

Sabe-se, há tempos, que ser humano é ser na/pela linguagem e que, assim como as línguas, somos plurais, diversos e complexos, atravessados por questões sociais, culturais, históricas, entre outras. Assim sendo, é necessário um olhar atento ao papel do Estado na promoção de políticas linguísticas educacionais efetivas. Considerando o exposto, o objetivo principal deste trabalho é realizar uma pesquisa bibliográfica-documental, de cunho qualitativo e exploratório-descritivo, das políticas linguísticas relativas ao ensino de línguas desenvolvidas no Brasil e na Argentina nas últimas três décadas, tomando a criação do MERCOSUL como ponto de partida. Os resultados encontrados foram os seguintes: i) No Brasil, as atuais políticas educacionais para o ensino de línguas, especialmente a BNCC, excluem a possibilidade de oferta do espanhol como língua adicional obrigatória nas escolas, revogando a Lei nº 11.161/2005 (Lei do Espanhol) através da Lei nº 13.415/2017, que estabelece a (Contra)reforma do Ensino Médio no Brasil, indicando um enorme retrocesso nas políticas linguísticas do país; ii) Na Argentina, a Lei nº 26.468/2008, que estabelece a oferta de português como língua adicional em todo o território, permanece em vigor, oportunizando sua oferta nas escolas do país, principalmente na capital (Buenos Aires); porém, essa oferta tem se mostrado muito restrita e pouco ampla, sendo necessária uma intervenção para maior distribuição de oferta da língua no restante do país. Concluiu-se, então, que uma renovação nas políticas linguísticas educacionais é urgente, a fim de possibilitar maior integração regional entre os países que compõem o Mercosul e uma formação humana integral dos indivíduos, que também se dá através das línguas que são ensinadas.

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Biografia do Autor

Giulia Carvalho Candido, Licenciada em Ciências Sociais, Mestra em Políticas Sociais. Servidora do IFFluminense campus Campos Centro

 

 

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Publicado

08.03.2024

Edição

Seção

Capítulos do Livro